MOURINHO DA CULTURA

Friday, December 14, 2007

CALL GIRL, DE ANTÓNIO-PEDRO VASCONCELOS

Call Girl é uma aposta forte, de António-Pedro Vasconcelos, para novamente reconciliar o grande público com o cinema português, embora a estreia do filme esteja só prevista para o último fim de semana de Dezembro, uma data talvez pouco apropriada. Envolvente, sensual, Soraia Chaves brilha com a sua fotogenia e uma surpreendente capacidade de interpretação, muito mais do que somente pelos seus atributos físicos, que aparentemente tornaram O Crime do Padre Amaro um dos maiores sucessos de bilheteira do cinema português.



Call Girl, sem ser uma obra-prima, é um belo filme, que se inspira nos géneros clássicos de suspense e erotismo do cinema americano, mas que ao mesmo tempo procura contextualizá-lo na realidade nacional e tratando de questões que estão na ordem do dia: a corrupção política, a especulação imobiliária e a prostituição de luxo. Nicolau Breyner afirma-se mais uma vez como o maior (e mais solicitado) actor português do momento, ao lado do jovem Ivo Canelas, num papel brilhante, bem tarantinesco de um ‘judite’ rebelde, que quase cai nas teias da ‘mulher aranha’.





(TALVEZ) O MELHOR DIÁLOGO DO ANO DO CINEMA PORTUGUÊS

Vasco: Pensava que as putas não beijavam na boca.
Maria: Há sempre um cabrão que nos obrigam a fugir à regra.

Algo de negativo, como aliás na maioria dos filmes de APV, Call Girl também peca por uma meia-hora a mais de duração, com sequências que pouco interessam à história e fazem perder um pouco o ritmo à narrativa.

Curiosamente Call Girl é ainda aparentemente uma subtil homenagem (ou quase uma sequela) de De Uma Vez Por Todas, de Joaquim Leitão, (realizador que faz uma pequena aparição aqui como actor), um filme que marcou também uma época de tentativa de reconciliação do público com os filmes portugueses, aliás como O Lugar do Morto, de António-Pedro Vasconcelos. Ou seja uma história envolvente, com contornos policiais e eróticos, cuja a protagonista era uma sedutora call girl, que enfeitiçava Pedro Aires de Magalhães, e que na vida real se chamava Vicky, uma jovem modelo, então em ascensão que acabou por morrer pouco depois da estreia do filme, em circunstâncias pouco esclarecidas.




A evitar ainda, é o excesso de palavrões, que já começa a ser um lugar comum nos diálogos dos filmes portugueses, parecendo querer dar mais realismo às personagens, apenas pelo facto de elas insistirem na linguagem fácil.

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