MOURINHO DA CULTURA

Friday, February 15, 2008

EU SOU UM BOY


A propósito do artigo de opinião do Dr. Rui Moreira, intitulado A Revolta dos Boys, venho por este meio afirmar que sou um dos boys a que ele se refere. Nada tenho contra, os comerciantes por que sou filho de um comerciante, nem contra os comentadores de futebol, aliás sou grande adepto dos dois maiores espectáculos do mundo: cinema e futebol; apesar de ter uma enorme admiração intelectual e amizade pelo Augusto M. Seabra, não me identifico em muitos aspectos com a sua visão de cinema e acho que ele há muito tempo não representa a opinião geral da crítica cinematográfica. E por isso não vejo razão para o Dr. Rui Moreira pôr tudo no mesmo saco e inclusive nos chamar ‘batoteiros’ e fazer muitas considerações levianas de um mercado que se vê conhece apenas por fora. Sou efectivamente um dos boys ou dos críticos que tem assento nos júris. A propósito, escrevi e espero publicação no Público de um artigo de opinião, sobre alguns tábus em relação ao Cinema Português, regozijando-me pelos 100.000 espectadores que o Call Girl já fez nas salas. Ora bem em primeiro lugar a Bolsa de Júrados do ICA-Instituto de Cinema e Audiovisual é constituído por diversas personalidades de destaque e não só por críticos cinematográficos. Lugar esse, a que o Dr. Rui Moreira se pode candidatar, mas não sem antes ler a Lei do Cinema e a Regulamentação de Apoio à Criação Cinematográfica, e tirar todas as dúvidas relativamente aos critérios com que os membros do júri têm que se reger e que eliminam qualquer probabilidade de batota ou interferência directa na selecção deste ou daquele filme. Por ultimo, regozijo-me também pelo Dr. Rui Moreira ter gostado muito do filme alemão, As Vidas dos Outros, o que demonstra nele uma certa cultura cinematográfica e não só de filmes americanos. Mas apenas por mera curiosidade, As Vidas dos Outros, fez apenas e apesar de ser um grande filme, apenas 15.000 espectadores nas salas portuguesas em 2007, o que é sensivelmente o que faz em media um filme português, como é o caso de O Mistério da Estrada de Sintra que andou pelos 12.000 espectadores. Portanto algo se passa mas a culpa não é dos críticos, nem só do cinema português.

José Vieira Mendes, jornalista, crítico, membro da Bolsa de Jurados do Instituto de Cinema e Audiovisual

In Público, 17/01/08

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