AS PALAVRAS SÃO COMO AS CEREJAS…
A tua voz apazigua a minha alma e fazem de mim um homem bom, diz o Rei Shariar a Sherazade em As Mil e uma Noites, a maravilhosa narrativa clássica de histórias das arábias que na sua maioria dão força às palavras (ou as cerejas) como um doce e suave sabor contra o ódio e o fanatismo que se vai espalhando pelo Mundo.
Esforçando-se para ter a atenção e o afecto do seu esposo e senhor, Sherazade vai-lhe contando histórias intermináveis até ao amanhecer, ao mesmo tempo que lhe vai pondo delicadamente cerejas na boca, conseguindo durante mil e uma noites entretê-lo e adiar a sua própria execução, até que passados esse quase três anos o sanguinário monarca, que tinha um imenso ódio às mulheres por ter sido enganado pela sua anterior esposa, perdoa-lhe a vida e começa com ela uma lua-de-mel que dura para sempre. A descoberta do poder das palavras e do amor é razão de uma das histórias mais românticas da literatura universal, que curiosamente dá significado à expressão: a conversa é como as cerejas, que muito poucos conhecem a origem.
Um momento: Mario Vargas Llosa, escritor e Aitana Sánchez-Gijón, actriz, juntos em palco em As Mil uma Noites, num espectáculo de teatro, adaptado pelo autor, que abriu los Veranos de la Villa de Madrid.
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