MOURINHO DA CULTURA

Thursday, April 24, 2008

RICHARD FLORIDA: ONDE ESTÁ A FELICIDADE?


O autor de 'The Rise of Creative Class', famoso pelo desenvolvimento da teoria do 3T’ s (Tecnologia, Talento, Tolerância), centrou o seu discurso na conferência realizada na Fundação Calouste Gulbenkian, há uma semana nas teses do seu último livro 'Who’s Your City', ao qual junta à importância da criatividade, o conceito de localização, ou seja de como encontrar o lugar certo para viver e ser feliz. E desta vez quase não se falou em indústrias criativas, embora estivessem implícitas no seu discurso.



A primeira questão pôe-se porque é que as pessoas escolhem agora determinados lugares para viver? Aparentemente está a acontecer algo de novo nas sociedades ocidentais traduzindo-se numa mudança da economia da descentralização das empresas e das pessoas. Passou-se da economia do recursos para a economia do conhecimento, ou seja da produção física para a produção intelectual. Daí que as empresas procurem localizar-se onde estão as pessoas criativas, e não o contrário, as pessoas irem deslocalizarem-se para procurar as empresas. É assim que de uma indústria baseada nos serviços de apoio à produção, passou-se a uma economia centrada num novo sistema: a mente humana, a criatividade, factor que funciona como a verdadeira chave e motor da inovação e do crescimento económico. Passou-se pois de uma economia industrial para uma economia criativa, onde as profissões ligadas ao conhecimento às ciências, à economia, tecnologia, às engenharias, à cultura (artes, música, design), representam já nos EUA cerca de 35% da mão de obra. Em Portugal atinge também, apesar de muitos factores de atraso, já cerca de 20% a 25% da força de trabalho. O sector criativo absorve mais de 50% dos salários reais e nas grandes cidades como Lisboa pode atingir cerca de 60%.

Quando se fala em sector criativo, é necessário pois dar-lhe uma maior amplitude do que à partida se pode pensar, já que todos os seres humanos são criativos e torna-se necessário tirar partido dessa qualidade. A chave do crescimento económico passa por incrementar essa criatividade em toda a população, independentemente da idade, sexo, classe social, ou opções sexuais de cada um. A criatividade não tem barreiras de qualquer espécie e neste sentido enquadra-se a teoria dos 3 T’s (Tecnologia, Talento, Tolerância), sendo que as pessoas mais criativas tendem também a aceitar melhor os outros. A criatividade passa também pela liberdade de expressão de uma comunidade, uma cidade ou de um lugar.

Neste contexto se a tecnologia que facilitou a globalização e a comunicação entre as diversas comunidades já não é o factor mais importante de bem estar das pessoas. A globalização coexiste agora com a localização ou a cidade como um factor determinante para a economia global e para o bem estar dos indivíduos. O lugar onde se vive é determinante para o emprego, para as oportunidades de carreira, para os contactos e para o mercado de trabalho onde estamos inseridos ou as metas que queremos atingir. Tudo o que pensamos e sabemos acerca das nossas cidades, são fundamentais para esta escolha: a segurança, as infraestruturas (escolas, edifícios, os jardins, os espaços verdes e de lazer), as oportunidades sociais e culturais e a liderança, são os fundamentais atributos dos locais escolhidos. Numa economia criativa centrada também na localização, o desafio do futuro passa por espalhar essa criatividade, baseada na abertura e na diversidade de forma a encontrar os melhores locais para viver e ser feliz.

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