MOURINHO DA CULTURA

Monday, May 12, 2008

DEPOIS DA FRAMBOESA O CUSCUZ



Na semana passada saboreámos uma bela tarte de framboesa entre um beijo roubado e um tema da Nora Jones, em My Blueberry Nights-O Sabor do Amor, de Wong Kar-wai, para esta serviram-nos algo mais substancial, mas não menos romântico e inspirado com O Segredo do Cuscuz (La Graine et le Mulet), do franco-tunisino Abdellatif Kechiche (A Esquiva), onde nos deixámos encantar pela dança do ventre e por um prato tradicional árabe. Mas para além das comidas e dos sabores exóticos O Segredo do Cuscuz começou por ser a grande surpresa da última Mostra de Veneza e tornando-se num dos melhores filmes europeus de 2007. O Segredo do Cuscuz é uma história aparentemente simples e ligeira sobre uma extensa família magrebina, residente em Marselha, presa num quotidiano de tensões e sentimentos cruzados pela tradição e pelas instituições familiares. A figura central é um pai de meia-idade, ausente da família e desempregado que toma a iniciativa arriscada de abrir um restaurante tradicional, onde a especialidade é o famoso cuscuz com peixe, um empreendimento que poderá ajudá-lo a sobreviver e a congregar os seus afectos familiares algo tensos por uma relação extra-conjugal. Se há alguma dúvida para muita gente do que é fazer um filme simples acessível a várias leituras e públicos como um prato de cuscuz, O Segredo do Cuscuz, é o melhor exemplo de como ultrapassar as questões de orçamentais e as boas histórias que muitas vezes faltam ao cinema europeu. Talvez a simplicidade seja o seu maior segredo, do cuscuz e do filme. Um destaque para Rym (Hafsia Herzi) a personagem vulcânica destes filme, imparável na sua dança do ventre, que valeu à jovem actriz os prémios revelação de Veneza e um César do cinema francês. Uma boa refeição cinéfila!

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