noite de sete noites
Noite de sete noites, onde estrelas
não as havia mais que as nossas mãos:
cegos de menos, víamos com elas
nossa rota das ondas, frutos sãos.
Cegos de menos, louca navegava
a boca, ou duas bocas, para o sono
do que se tinha, punha, queria, achava,
perdido e mais perfeito em abandono.
Éramos dois e um de muitos braços
lutando contra a luta, a respirar
numa praia de fogos e cansaços
entre os gritos das aves e do mar,
mansos de raiva, grandes mas escassos.
Noite de sete noites, verbo dar.
(Pedro Tamen, 1934, Portugal
in "Escrito de memória", Moraes Editores - 1973)