MOURINHO DA CULTURA

Tuesday, March 30, 2010

RUMORES DA SELECÇÃO OFICIAL CANNES 2010


A dezasseis dias do anúncio oficial correm já os primeiros rumores sobre os filmes que vão integrar a Selecção Oficial do Festival de Cannes 2010 e consequentemente a lista dos candidatos à Palma de Ouro.

A pouco mais de duas semanas do anúncio correm já em Paris os primeiro rumores sobre os filmes que vão integrar a Selecção Oficial do maior festival de cinema do mundo. A conferência de imprensa do 63° Festival de Cannes (de 12 a 23 de Maio de 2010), vai ter lugar no dia 15 de Abril e continua a reinar a incerteza, já que há vários filmes a serem terminados a contra-relógio para serem anunciados na Competição e chegarem a tempo ao Festival da Croisette. Nos candidatos à Palma de Ouro fala-se da insistentemente da presença quase certa de, Tree of Life, de norte-americano Terrence Malick; Biutiful, do mexicano Alejandro González Inárritu; Tamara Drewe, do britânico Stephen Frears; Another Year, do seu compatriota Mike Leigh, e duas películas coreanas: Poetry, de Lee Chang-dong, e The Housemaid, de Im Sang-soo. Poderão também constar desta selecção, mais dois filmes norte-americanos: Black Swan, de Darren Aronofsky e Miral, de su compatriota Julian Schnabel; Outrage, do japonês Takeshi Kitano, e duas longas-metragens argentinas: Carancho, de Pablo Trapero, e Ciencias Morales, de Diego Lerman. Quanto a títulos franceses a concorrência é muita e movimentam-se a pressões, mas por enquanto não há nada de concreto. Entre os favoritos encontra-se o muito aguardado Carlos, de Olivier Assayas (que apresentaria a sua versão mais extensa da vida do mítico terrorista; La Princesse de Montpensier, de Bertrand Tavernier), e Hors-la-loi, de Rachid Bouchareb. O muito falado Les Petits Mouchoirs, de Guillaume Canet curiosamente não figura entre as possíveis escolhas. A coproducção franco-italiana Copie conforme, do iraniano Abbas Kiarostami, poderá ser seleccionada mas Fora de Competição (tem como protagonista, Juliette Binoche, e no contexto do Festival de Cannes 2010 pareceria incompatível com a competição), assim como You Will Meet a Tall Dark Stranger, de Woody Allen, ou a película francesa de animação Le Chat du Rabbin, de Joann Sfar e Antoine Delesvaux. Entre os candidatos com mais possibilidades de competir na Croisette (numa lista exaustiva que não distinguem as várias secções: Competição, Un Certain Regard, Semana da Crítica ou Quinzena dos Realizadores) destacam-se ainda Socialisme, de Jean-Luc Godard; L'Autre Monde, do francês Gilles Marchand; Tournée, do seu compatriota Mathieu Amalric; Rabbit Hole, do norte-americano John Cameron Mitchell; Uncle Boonmee, do tailandês Apichatpong Weerasethakul; The Essence of Killing, do polaco Jerzy Skolimowski; duas longas-metragens romenas: Aurora, de Cristi Puiu e Principles of Life, de Constantin Popescu; Adrienn Pal, da húngara Agnes Kocsis, R U There, do holandês David Verbeek e All Good Children, da jovem realizadora britânica Alicia Duffy.

Friday, March 26, 2010

PARNASSUS – O HOMEM QUE QUERIA ENGANAR O DIABO, DE TERRY GILLIAN




A INTENÇÃO INICIAL DE TERRY GILLIAN NÃO ERA PROPRIAMENTE UMA HOMENAGEM FANTÁSTICA, MAS ACABOU POR SE TORNAR NUMA ALUCINADA ELEGIA FÚNEBRE AO MALOGRADO ACTOR AUSTRALIANO HEATH LEDGER, FALECIDO QUANDO O FILME ESTAVA AINDA EM RODAGENS.
UMA MISTERIOSA CARROÇA DE FEIRANTES QUE CHEGA ÀS RUAS DE LONDRES OCULTANDO UMA MONTANHA DE SEGREDOS: DR. PARNASSUS (CHRISTOPHER PLUMMER) UM HOMEM CAPAZ DE MANIPULAR A IMAGINAÇÃO DOS OUTROS, PERCORRE AS RUAS DE LONDRES ATORMENTADO POR UMA DÍVIDA PENDENTE PARA COM O DIABO (TOM WAITS). O FUTURO DA FILHA (LILY COLE) ESTÁ EM JOGO E PARNASSUS CONTARÁ COM AJUDA DE TONY (HEATH LEADGER, JOHNNY DEEP, COLIN FERREL, JUDE LAW).
AQUILO QUE À PARTIDA ERA UM PROBLEMA, COM A SUBSTITUIÇÃO DE LEDGER ACABOU POR SE TORNAR QUASE NUM TRUQUE DO DR. PARNASSUS: UMA FORMA CRIATIVA ASTUTA E ENGENHOSA ONDE A IMAGINAÇÃO NÃO TEM LIMITES DE DAR A VOLTA AO INSPERADO. E ALÉM DISSO AINDA PODE CONTAR COM UMA GALERIA DE ESTRELAS: JOHNNY DEEP, JUDE LAW, COLIN FERREL, QUE SE OFERECERAM GRATUITAMENTE PARA HOMENAGEAR O COLEGA E O AMIGO E MAIS UMA VEZ SALVAR UM FILME A GILLIAN, QUE SEGUNDO ELE ATÉ MELHOROU A IDEIA ORIGINAL. CURIOSAMENTE O FILME GANHA EM COERÊNCIA NARRATIVA COM O DESDOBRAMENTO DOS ROSTOS DE TONY.
NO ENTANTO, O FILME NÃO DEIXA DE SER UMA GRANDE FANTASIA, QUE ESTREIA COM ALGUMA OPORTUNIDADE: REMETE NÃO SÓ PARA O UNIVERSO DE TERRY GILIAN, MAS ESTÁ NA LINHA DE ‘ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS’, O GRANDE SUCESSO DE TIM BURTON QUE ESTÁ AGORA NAS SALAS. MAS AO CONTRÁRIO DO ANTERIOR NÃO RECORRE A EFEITOS ESPECIAIS DIGITAIS, MAS ANTES ÀS FORMAS TRADICIONAIS DO CINEMA COMO AS TRUCAGENS (ALIÁS COMO EXIGIA A SUBSTITUIÇÃO DE LEDGER) E AS UNS CENÁRIOS E ILUMINAÇÃO QUE SÃO UMA MARAVILHA, PARA UM ORÇAMENTO BASTANTE BAIXO: CERCA DE 40 MILHÕES DE DÓLARES.
PARA O GRANDE PÚBLICO ‘PARNASSUS – O HOMEM QUE QUERIA ENGANAR O DIABO’, INICIALMENTE PODE-SE REVELAR CONFUSO E DIFÍCIL DE SEGUIR: NÃO HÁ PROPRIAMENTE PROTAGONISTAS QUE SE DESTAQUEM NA HISTÓRIA. FAZ LEMBRAR ‘A LIGA DOS CAVALEIROS EXTRAORDINÁRIOS’ (2003), COM SEAN CONNERY, BASEADO NOS ‘COMICS’ BRITÂNICOS, OU MELHOR NA OBRA DE NEIL GAIMAN. O FILME É UM FESTIVAL DE FANTASIA E TALENTO QUE FUNCIONA COMO UMA SÁTIRA EM JEITO DE FÁBULA FANTÁSTICA SOBRE OS NEGÓCIOS SUJOS, A FALSA FILANTROPIA, O LADO OCULTO DO POLITICAMENTE CORRECTO E A CORRUPÇÃO QUE NOS RODEIA. BRILHAM AINDAM NO FILME CRISTHOPER PLUMER (EM DR. PARNASSUS), UM DOS GRANDES E VETERANOS ACTORES DA ACTUALIDADE E TOM WAITS, EM MAIS UMA DAS SUAS INCURSÕES NO CINEMA, NO PAPEL DO DIABO. AMBOS ESTABELECEM UM FABULOSO DIÁLOGO INTERPRETATATIVO E UMA CERTA QUÍMICA EM CENA: COM PARNASSUS (PLUMMER) A TENTAR ENGANAR O DIABO (WAITS)! O EX- MONTY PYTHON, REALIZADOR DE ‘BRAZIL’, ‘O BARÃO DE MUNCHAUSEN’, 12 MACACOS, ‘O REI PESCADOR’, ‘DELÍRIO EM LAS VEGAS’, É UM GÉNIO MALDITO: TEM ACUMULADO FRACASSOS DE BILHETEIRA, RECUSADO PROJECTOS (WATCHEMEN, FORREST GUMP, OU ALIEN – A RESSURREIÇÃO). A WARNER RECUSOU-O NO PRIMEIRO ‘HARRY POTTER’. NÃO TERMINOU O EM ESPANHA ‘D. QUIXOTE’ QUE RESULTOU NO DOCUMENTÁRIO ‘LOST IN LA MANCHA’. O REI DO AZAR PODERIA SER O TÍTULO DE UM FILME SOBRE UMA CARREIRA INSTÁVEL QUE QUE CULMINA AGORA QUASE NUMA PERSEGUIÇÃO DO DIABO: ALÉM DE ENFRENTAR A MORTE DE HEATH LEDGER, O PRODUTOR BILL VINCE (‘CAPOTE’) MORREU TAMBÉM EM JUNHO DE 2008, ANTES DA ESTREIA DO FILME EM CANNES; TERRY GILLIAN ATROPELADO NO SOHO DE LONDRES FOI PARA O HOSPITAL COMO UM OMOPLATA PARTIDA. O QUE SE PODE CHAMAR UM AZAR DO CARAÇAS!

Monday, March 22, 2010

PONTES PARA ISTAMBUL




Ao falar de Istambul, ao partilhar esta emoção (a mesma que sinto ao ler os romances do Orhan Pamuk), surge-me de imediato a memória do cheiro a Lisboa nas ruas da cidade turca, misturando-se ao odor do kebab. Da parte alta da cidade antiga, de ruas estreitas como Alfama ou o Bairro Alto, vê-se as pontes, o rio, os barcos que parecem cacilheiros, os navios e os cargueiros a atracarem. E Istambul tem aquela luz branca muito parecida com a de Lisboa, realçada pelos minaretes das mesquitas e das abóbadas de azul rosáceo. O Instanbul Modern, um dos mais belos centros de arte contemporânea — e mais bem localizados da cidade, é de um requinte espantoso; o restaurante com esplanada tem uma vista esplendorosa para o Bósforo, muito idêntica à que se tem do Tejo a partir do CCB. Permanece a sensação de que há algo de tão perto e tão distante entre Lisboa e Istambul. Rezar nas mesquitas, encarar os olhos negros de algumas mulheres de véu, cruzar olhares na rua, discutir nas lojas com os vendedores do Grande Bazar e do Mercado de Especiarias, que me falam em turco como se eu fosse um deles. ‘Pontes Para Istambul’, é um regresso desejado a um bairro 'Istambul', dos mais tradicionais aos emergentes. É descobrir (ou relembrar) os cheiros do bazar das especiarias, os ambientes orientais e outras curiosidades, numa verdadeira viagem às margens musicais, literárias e culturais dos dois lados do Bósforo... e à cidade que assegura a união entre a Europa e a Ásia.
Este olhar em Lisboa sobre Istambul nasceu de uma entusiástica descoberta da obra literária do Orhan Pamuk. Da relação entre o cinema e a literatura e de um inconformado diálogo interior entre o concerto das artes e das culturas. Conhecia Ohran Pamuk apenas por ter ganho o Prémio Nobel da Literatura em 2006, até ter encontrado por acaso ‘A Cidadela Branca’, um conto das mil e uma noites, uma espécie de romance iniciático e encantatório da obra do escritor. O documentário ‘Crossing the Bridge - The Sound of Istanbul’ (2006), do germano-turco Fatih Akim — um dos melhores realizadores europeus da actualidade —, despertou-me para a magia dos sons de fusão da música turca actual; aliás, como todos os seus filmes e histórias, é filmado entre a Alemanha e a Turquia. O cineasta turco Nuri Blige Ceylan (‘Longínquo’, ‘Climas’, ‘Três Macacos’) é para mim, desde há algum tempo, uma referência cinéfila. É uma espécie de Rosselini dos nossos dias. Os ‘Poemas de Amor’, de Rumi e os ‘Poemas do Exílio e da Prisão’, de Nâzim Hikmet são livros de cabeceira ideais para quem gosta como eu de adormecer ao som das palavras da vida. Por último, tenho de referir as surpreendentes obras coreográficas de Aydin Teker e Mustafa Kaplan, que passaram por Lisboa através do Festival Alkantara. Numa escala de aeroporto comprei ‘Instambul – Memórias de uma Cidade’. Li-o de uma enfiada e revelou-se ser um guia poético da cidade onde nasceu (e vive uma boa parte do tempo) Pamuk, uma inspirada autobiografia e uma verdadeira obra-prima da literatura. Este livro foi o último impulso para uma primeira viagem, uma imersão na cultura turca e na intimidade da cidade do Corno de Ouro.

José Vieira Mendes, jornalista e consultor para a programação do Festival ‘Pontes para Istambul’

UM TOBOGÃ CHAMADO ROSEBUD…




Na manhã seguinte à cerimónia dos Óscares 2010, todos noticiários dos canais de televisão anunciavam: «o grande derrotado desta noite foi ‘Avatar’ de James Camerom»… Embora se diga que a indústria do cinema pode estar ameaçada pela crise financeira mundial, e mesmo nomeando dez filmes da sua produção para a categoria principal dos Óscares, Hollywood não alterou nem um milímetro a sua concepção de negócio criada no início do século XX. «O cinema é o comboio eléctrico mais caro do mundo», dizia Orson Welles. Apesar do resultado nos Óscares, quem dera a muitas indústrias ou produções de cinema ter o James Cameron como maquinista. Na verdade, este grande sucesso de bilheteira não tem nada de novo, a não ser a combinação de várias tecnologias já existentes que, indubitavelmente, vão alterar a nossa ‘forma de ver’ e, se calhar, não só no cinema e na televisão. ‘Avatar’ já fez receitas superiores a 2.000 milhões de dólares, superando todas as expectativas dos executivos da Fox, cativando o público e uma boa parte da crítica, que teve que dar o braço a torcer. Onde é que está a derrota? Com ‘Titanic’, Cameron já se tinha tornado uma espécie de Salvador, aguardado com tanta avidez como ‘A Vida de Brian’ dos Monty Python. Ressuscitado, ao fim de dez anos, veio para salvar a Meca do cinema, cada vez mais baralhada com as greves dos argumentistas, dos actores e sobretudo imersa numa falta de ideias e criatividade. E até se regressou ao 3D. As motivações ocultas que explicam este novo recorde mundial de bilheteira só podem ser as da promessa de que ‘Avatar’ vai revolucionar o futuro do cinema. E, assim sendo, Hollywood e os espectadores aparentemente já chegaram ao Planeta Pandora, isto é, ao fascínio das imagens em detrimento das ideias. Algo que não é novo, pois os pioneiros do cinema, Samuel Goldwyn ou David O’Selznick já o faziam com eficácia, mas, ao mesmo tempo, com uma visão artística e de risco. Esta nova opção de Hollywood será boa se os espectadores estiverem dispostos a deixar-se fascinar apenas com tecnologias enfabulatórias e ideais frouxos, mesmo que neles estejam implícitas certas motivações ecológicas e pacifistas. No entanto, e vale a pena lembrar, há muito mais emoção num simples plano de um filme de Murnau, Ford, Hitchcock ou Lang e felizmente de muitos realizadores contemporâneos do que em todas as obras completas de James Cameron (ou mesmo de um George Lucas). Ainda bem que ganhou ‘Estado de Guerra’ de Kathryn Bigelow, pela sua visão artística e documental. Pois não se pode deixar que o futuro do cinema elimine por completo nem a arte, nem a magia da descoberta de um segredo como o de um tobogã chamado ‘Rosebud’.

José Vieira Mendes, jornalista

OS CINEMAS DO BAIRRO




As obras no Cinema Europa vão começar no início de Fevereiro, mantendo-se parte da fachada do edifício. E, ao que parece, a Câmara Municipal de Lisboa vai exercer o direito de opção de compra de parte do espaço para a criação de um equipamento cultural. Depois de tantos anos ao abandono, o símbolo de uma geração que cresceu e ainda vive em Campo de Ourique vai finalmente ter uma solução sensata e equilibrada também para os seus proprietários. Não é uma vitória de ninguém em especial mas de todos aqueles que vivem num dos bairros lisboetas com mais carisma cultural, e do qual todos nos orgulhamos. Mas esta decisão deve-se antes de mais a um notável mecanismo democrático inaugurado pela presidência de António Costa (e há que se lhe tirar o chapéu): o “Orçamento Participativo”. Um dispositivo que dá oportunidade a todos os munícipes de contribuírem de uma forma directa para melhorar a sua cidade. Os moradores de Campo de Ourique mostraram bem quanto são participativos, já que, para além da questão referente ao Cinema Europa, votaram ainda num equipamento para a Praça João Bosco (quiosque e parque infantil), no jardim até agora tão desprezado, mesmo em frente ao Colégio Oficinas de São José e ao (lindíssimo) ‘Père Lachaise” lisboeta, o Cemitério dos Prazeres – visitado por muitos turistas que aproveitam o passeio nos Eléctricos 25 e 28. O Cinema Paris, pelo contrário, continua a degradar-se de dia para dia e até dá arrepios passar à porta e ver na fachada do edifício uma tela muito feia: ‘A VERGONHA AINDA NÃO PASSOU POR AQUI!’
O Cinema Alvalade, localizado noutro carismático bairro da cidade, é um excelente exemplo de recuperação, principalmente ao nível do fluxo de público, que bem podia ser pensado e aplicado ao Paris e ao Europa. Porque Campo de Ourique merece estes dois cinemas e ainda existe espaço para outras programações cinéfilas, para além das do mainstream. No último Natal, com as salas dos multiplex de Lisboa repletas de público e com blockbusters em cartaz, recordei-me dos tempos áureos dos Cinema Europa e do Paris. Começaram por ser grandes salas de estreia, passaram depois a apresentar sessões de reprise (reposições), mas nunca perderam aquele estigma do ‘cinema do bairro’. Explicar às novas gerações o que é um cinema de reprise é quase o mesmo que falar-lhes do paleolítico. Na verdade, as grandes salas do eixo da Avenida da Liberdade (São Jorge, Tivoli, Condes, Éden) e outras da Baixa, que estavam quase sempre esgotadas com grandes estreias em cartaz (o último recurso era conseguir um bilhete na Agência Abep dos Restauradores), coexistiam com os cinemas de bairro, espalhados por toda a cidade. Eram os templos das memoráveis sessões duplas, das reposições, de filmes com uma vertente popular ou de arte e ensaio, sujeitos por vezes aos cortes da censura (lembram-se do grito «Ó marreco tem cuidado com a tesoura!!!»?). O chamado cinema de culto chegou muito mais tarde e é quase uma invenção pós-moderna, que culminou nesta eclosão dos festivais. Culto mesmo era ir ao cinema ver determinado filme e não apenas ir ao cinema. Vivia-se e sobrevivia-se no cinema. Entrava-se por vezes numa sala às três da tarde e saía-se às duas da manhã, depois de terminada a sessão da meia-noite. Namorava-se no escuro do cinema e havia até quem fizesse muito mais, sem que a moral pública se importasse muito com isso e impusesse multas ou restrições. O cinema era um mundo à parte ou uma forma de conhecer o mundo. Era um espectáculo acessível, tendo em conta o conhecimento que nos proporcionava em apenas uma sessão. Era a forma mais natural e filosófica de passar o tempo. Por isso, os cinemas de bairro representavam um refúgio para a nostalgia dos reformados em relação às suas épocas de ouro e a base da formação cinéfila e cultural das crianças e dos jovens. Para quem era um miúdo de bairro, ir ao cinema era uma festa, uma ida à Terra do Nunca, sem coca-cola nem pipocas ou sequer uma ida às compras ao centro comercial. Era mesmo ir ao Cinema!

José Vieira Mendes, jornalista

A GRANDE NOITE DO CINEMA EUROPEU




A cerimónia de entrega do EFA-European Film Awards (o correspondente aos Oscares para o cinema europeu), realiza-se hoje à noite em Bochum na Alemanha. Trata-de igualmente de uma grande oportunidade para reflectirmos sobre duas questões: existe uma indústria de cinema europeia e até que ponto ela pode concorrer com o potencial da indústria norte-americana? Em primeiro lugar interessa referir que as nomeações para os EFA foram anunciadas pela Academia Europeia de Cinema há cerca de um mês e estão muito longe de ter o mediatismo dos Oscares. Alguém se lembra sequer de haver alguma referência nos jornais ou nos rodapés dos noticiários da televisão? E é curioso pois nestas nomeações para Melhor Filme, constam dois premiados no Festival de Cannes 09: ‘Um Profeta’, de Jacques Audiard (Grande Prémio do Júri) e ‘The White Ribbon’, de Michael Haneke (Palma de Ouro); ou mesmo ‘O Leitor’, de Stephen Daldry e ‘Slumodog Milionaire’, de Danny Boyle, que estrearam na Europa em 2009 e que toda a gente esquece que são filmes produzidos e dirigidos maioritariamente com dinheiros e equipas europeias. Isto só a nível da nomeação para Melhor Filme. Para consultar todos os nomeados ver: www.europeanfilmawards.eu, até porque é possível que a RTP2 transmita a cerimónia em breve e convém estar bem informado. Efectivamente existe uma grande indústria europeia de cinema. E foi para para afirmar isto que a Academia Europeia de Cinema, presidida agora por Wim Wenders, criou esta cerimónia anual feita à imagem e com a elegância de Hollywood (posso dizê-lo por que já lá estive e vou estar esta noite!) que tem sido extraordináriamente útil, embora pouco eficaz do ponto de vista mediático e da promoção do cinema europeu junto do grande público. A propósito há muito que não me recordo de haver uma nomeação para um filme português. É inegável a representatividade e a existência de uma indústria europeia de cinema, mas é tão diversa e plural nas suas formas e conteúdos, tão variada do ponto de vista linguístico que se torna difícil falar de um verdadeiro cinema europeu mas antes de muitos ‘cinemas europeus’. No entanto há muitas coisas em comum entre um filme lituano e grego ou entre um filme português e checo: são feitos com orçamentos muito abaixo dos valores de referência da indústria de Hollywood; têm preferência por temas de cariz social em relação ao puro entretenimento; assentam no absoluto domínio do estatuto de realizador/autor (cinema de autor); utilizam uma linguagem cinematográfica muito diferente da de Hollywood que cria logo uma certa resistência no espectador. A razão desta resistência no espectador está no facto de que o cinema norte-americano contêm determinados códigos e uma leitura inteligível para qualquer espectador do mundo (universalidade). Ao passo que o cinema europeu (e outras filmografias do mundo) têm muita dificuldade em consegui-lo. Soa quase a estranho para determinados espectadores verem um filme falado em coreano, turco ou mesmo em alemão ou francês. O cinema francês por exemplo tem aquele velho estigma (injusto como podemos ver pela Festa do Cinema Francês) de ser um ‘cinema chato’. E depois à a questão das dobragens que funciona num países e em outros não. Os norte-americanos, espertos como sempre, encontraram há muito uma forma de ‘traduzir ou dobrar’ os filmes europeus aproximando-os dos seus próprios códigos (remakes), acabando por rentabilizar muito boas ideias do cinema europeu. É curioso também saber que em os países da União Europeia produzem por ano centenas de filmes, (em conjunto quase dez vezes mais do que a produção norte-americana) mas infelizmente a maioria estreia apenas ao nível da exibição nacional. Afinal quem gosta de cinema (s) europeu (s)? Infelizmente muito poucos, porque o espectador comum quando vê acaba por gostar. O problema é também as escassas apostas e riscos ao nível da distribuição e exibição nos países europeus. Embora existam programas comunitários de apoio. Mas isso seria um tema para outra crónica. Da cerimónia dos EFA espera-se como sempre o melhor e uma grande noite para o cinema europeu!

José Vieira Mendes, Jornalista

A CINEMATECA DE AUTOR




Com a ida da nova Ministra da Cultura ao Porto para dar um sinal de ‘uma política baseada na proximidade’ (este conceito de proximidade entrou definitivamente no discurso das políticas culturais em vez de descentralização e ainda bem!), voltou-se a falar da criação de um polo da Cinemateca na cidade. Não há muito tempo circulou uma petição online ao Presidente da Câmara, por iniciativa, creio do Cineclube do Porto (que defende igualmente esta extensão da Cinemateca), relativamente a duas salas portuenses: o Cinema Águia D'Ouro e o Cinema Batalha. O Cinema Águia D'Ouro está fechado há décadas e corre o risco de desaparecer dado ao seu elevado estado de degradação. O Cinema Batalha de grande tradição na cidade, foi recuperado mas a sua abertura tem sido adiada. Houve vários projectos para esta sala de cinema, mas todos acabam por desistir porque é difícil rentabilizá-los. Apesar da questão cultural na cidade do Porto ser complexa (esta é a humilde visão de um lisboeta) há que reconhecer que a Fundação de Serralves, Casa da Música e o Teatro São João e o Fantasporto são instituições que nos podemos orgulhar pela forma como dinamizam os seus públicos tranversalmente. Tomaram algumas em Lisboa. Juntar-lhe a reabertura da Casa das Artes e a futura Casa do Cinema Manoel de Oliveira seria extraordinário e uma grande fortuna para todo o País. Resta saber até que ponto uma simples extensão da Cinemateca, permitirá acabar com a carência de exibição cinematográfica no Porto. Em Lisboa já é outra conversa. Por isso antes de se pensar no polo do Porto, e assentar em discursos políticos para agradar às elites nortenhas, urgente é dar mesmo um novo rumo à Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema do qual depende obviamente o resto. A nomeação de um novo director — não está em causa o trabalho do Pedro Mexia, que afirmou que pretende para já apenas cumprir o seu mandato de sub-director — tem sido sistematicamente adiado (e não se percebe porquê?) desde o falecimento em Maio passado do mítico João Benárd da Costa. É tempo perdido fazendo perdurar cada vez mais uma herança pesada, mesmo com o que tem de boa, para quem vier a ocupar no futuro a direcção. Uma das melhores Cinematecas da Europa (é preciso não esquecer o fabuloso espólio filmográfico do ANIM-Arquivo Nacional das Imagens), está em velocidade cruzeiro e parece resistir à mudança, enquanto não tiver um novo líder. Tornou-se numa realidade um pouco semelhante ao cinema português: uma ‘cinemateca de autor’ que mantêm as profundas marcas pessoais deixadas pelo seu último director. E muito difíceis de renovar quanto mais não seja pela forma como todas as instituições e as pessoas que as compôem, sem uma liderança forte e competente reagem às mudanças. É um facto que a Cinemateca, a direcção interina e os seus sempre excelentes programadores, têm feito nestes últimos meses alguma coisa para mudar. Mas é difícil quando não há um cérebro e um rumo a seguir! Continua-se a sentir (e já se sentia há algum tempo…) que a Cinemateca está algo fechada em si própria servindo apenas um grupo interessado, mas restrito de espectadores. E tem que ser mais do que isso inclusive para existir um polo no Porto. Para mudar um pouco bastaria por exemplo começar por comunicar melhor as actividades retirando-lhe um excessivo peso de erudição e distância do grande público, com uma promoção mais eficaz e agressiva. O desdobrável é bonito mas não dá jeito nenhum para consultar a programação. A Cinemateca tem uma imagem demasiado institucional e tem que ser um espaço mais informal ou pelo menos passar uma mensagem de informalidade. Quanto a uma nova direcção e para evitar uma decisão polémica, o melhor mesmo é recorrer a um concurso público. É a forma mais rápida e transparente de encontrar alguém com um novo projecto para a Cinemateca, como aconteceu no Museu do Chiado. As soluções podem vir de onde menos se espera! E assim fugir às pressões dos lobbies e ao mesmo tempo evitar a solução mais fácil que tem acontecido em outras legislaturas e direcções-gerais: a nomeação de uma figura sem competência técnica com um projecto pessoal a curto-prazo, vindo dos aparelhos politico-partidários. Era o pior que podia acontecer!

José Vieira Mendes, jornalista

Friday, March 05, 2010

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS, DE TIM BURTON


SENDO UM FILME REALIZADO POR TIM BURTON NÃO SE PODIA ESPERAR OUTRA COISA! BURTON CONSEGUIU TRANSFORMAR O MUNDO ONÍRICO DO CLÁSSICO DE LEWIS CARROL NUM DOS SEUS HABITUAIS PESADELOS E FANATSIAS. FEZ ALGUMAS CONCESSÕES JÁ QUE SE TRATA DE UM FILME PRODUZIDO PELA DISNEY E SUAVIZOU UM POUCO AS SUAS GÓTICAS OBSESSÕES NUM FILME PARA TODA A FAMÍLIA. MAS ISTO ATÉ NO BOM SENTIDO PORQUE VAI CONSEGUIR AGRADAR A TODOS E NÃO APENAS AOS ADMIRADORES DO UNIVERSO BURTON QUE NÃO É ACESSÍVEL E ENTENDIDO POR TODA A GENTE! E FÊ-LO PENSANDO NA HISTÓRICA E NA MAIS CONHECIDA VERSÃO EM ANIMAÇÃO DA DISNEY ESTREADA NA DÉCADA DE 50. MAS MESMO ASSIM NÃO É UM FILME DOCE E ACONCHEGANTE COMO OS DAS DISNEY. ESTÁ LÁ NA MESMA O MUNDO SUBTERRÂNEO DE BURTON, POVOADO POR CRIATURAS AMEAÇADORAS E QUE MUDAM DE FORMA, ALIÁS COMO IGUALMENTE NO CLÁSSICO DE CARROL QUE É NA PRÁTICA UM CURIOSO ENSAIO SOBRE A ESCOLHA E A IDENTIDADE. HÁ AINDA UMA QUALIDADE ALUCINATÓRIA NA NARRATIVA, MARCADA POR UMA BANDA SONORA SOMBRIA E DRAMÁTICA, DO SEU HABITUAL COLABORADOR DANNY ELFMAN. O ARGUMENTO ESCRITO EM PARCERIA COM LINDA WOOLVERTON FOGE UM POUCO À VERSÃO ORIGINAL, FAZENDO NA VERDADE UMA CONTINUAÇÃO DE ‘ALICE NO PAÍS NAS MARAVILHAS’. ALICE NÃO É UMA CRIANÇA MAS ANTES UMA JOVEM ARISTOCRATA CASADOIRA COM 19 ANOS. EXPLORANDO ASSIM AINDA MAIS A IDEIA DE UMA VIDA INTERIOR DA PERSONAGEM E NÃO APENAS O DO SONHO DE UMA CRIANÇA CHAMADA ALICE. O FILME É A COMBINAÇÃO DAS DUAS HISTÓRIAS: ‘ALICE NO PAIS DAS MARAVILHAS’ E ‘ALICE DO OUTRO LADO DO ESPELHO’. RODADO COM CÂMARAS CONVENCIONAIS, COMBINANDO A IMAGEM REAL COM A ANIMAÇÃO DIGITAL, MOVING CAPTURE E DEPOIS CONVERTIDO EM 3D, O FILME DECEPCIONA UM POUCO EM RELAÇÃO AOS EFEITOS VISUAIS ESTEREOSCÓPICOS. NÃO É COMO ‘AVATAR’ E NUNCA ALCANÇA A EXPERIÊNCIA QUASE IMERSIVA DO FILME DE JAMES CAMERON. ENQUANTO A PRIMEIRA PARTE DO FILME É UM POUCO LENTA A SEGUNDA DA BATALHA E DA LUTA DE ALICE CONTRA O MONSTRO É EXCITANTE E VISUALMENTE ATRAENTE. QUANTO AOS PERSONAGENS PRINCIPAIS JOHN DEPP NO CHAPELEIRO LOUCO É BRILHANTE. É A SÉTIMA VEZ QUE TRABALHA COM TIM BURTON. É QUASE UMA ESPÉCIE DE ALTER-EGO DO REALIZADOR E NESTE FILME TEVE AINDA UM PAPEL MUITO ACTIVO NA COMPOSIÇÃO PLÁSTICA DA FIGURA DO CHAPELEIRO LOUCO. DESENHOU-A EM AGUARELAS E CURIOSAMENTE ACABOU POR COINCIDIR COM AS IDEIAS DE BURTON EM RELAÇÃO À PERSONAGEM. EM ALICE ESTÁ A JOVEM AUSTRALIANA MIA WASIKOWSKA QUE VAI DAR QUE FALAR POIS É A FIGURA TAMBÉM DE ‘THE KIDS ARE ALL RIGHT’ DE LISA CHOLODENKO MOSTRADO NA BERLINALE, UM FILME SOBRE AS NOVAS FAMÍLIAS. E ALÉM DESTES DOIS HÁ AINDA UM LEQUE DE ACTORES FABULOSOS: HELENA BONHAM CARTER, A MULHER DO REALIZADOR, NA RAINHA DE COPAS, ANNA HATHAWAY NA RAINHA BRANCA, ENTRE OUTROS, E AS INCONFUNDÍVEIS VOZES DE MICHAEL SHEEN NO COELHO E ALAN RICKMAN NA LAGARTA. POR ÚLTIMO JÁ AQUI FIZ UMA REFERÊNCIA PARA A BANDA SONORA DE DANNY ELFMAN E QUE É IGUALMENTE UMA GRANDE APOSTA COMERCIAL. VAI TER DOIS ÁLBUNS: UM QUE SE REFERE À MÚSICA DO FILME E OUTRO CHAMADO ‘ALMOST ALICE’, UM ÁLBUM DE 16 TEMAS, QUE SE JUNTAM AO DO GENÉRICO FINAL ESCRITO E INTERPRETADO POR AVRIL LEVINE, CANÇÕES INSPIRADAS NAS HISTÓRIAS DE ALICE, INTERPRETADAS POR ARTISTAS COMO ROBERT SMITH DOS THE CURE, FRANZ FERDINAND, SHINEDOWN, ALL AMERICAN REJECTS, ENTRE OUTROS.

SHUTTER ISLAND DE MARTIN SCORSESE


MAIS DO QUE UM GRANDE FILME, É UM BRILHANTE E ELEGANTE ‘MIND GAME’ PARA O ESPECTADOR. NEM TUDO O QUE PARECE É! E QUANDO TUDO SE PARECE ENCAMINHAR PARA DETERMINADA RESOLUÇÃO EIS QUE SE DÁ UMA REVIRAVOLTA. ATÉ CHEGAR-MOS AO SURPREENDENTE DESENLACE QUE AFECTA O PERSONAGEM INTERPRETADO POR LEONARDO DI CAPRIO. MARTIN SCORCESE JÁ NÃO TEM O FULGOR E A CRIATIVIDADE DOS TEMPOS DE ‘TAXI DRIVER’, ‘TUDO BONS RAPAZES’ OU ‘CABO DO MEDO’. MAS É UMA VELHA RAPOSA E ADAPTA COM EFICÁCIA UM ROMANCE DE DENIS LEHANE (O MESMO DE ‘MYSTIC RIVER’ E ‘VISTA PELA ÚLTIMA VEZ’). SÓ QUE ESTA HISTÓRIA PASSA-SE NA DÉCADA DE 50, NO PÓS-GUERRA E NO INICIO DA GUERRA FRIA. O AMBIENTE É DE PARANÓIA, DESCONFIANÇA, E ALUCINAÇÃO. ESTAMOS NO PERÍODO EM QUE AO NÍVEL DOS TRATAMENTOS PSIQUIÁTRICOS SE VAI ABANDONANDO A LOBOTOBIA PELAS DROGAS ALUCINOGÉNICAS E PELAS PÍLULAS QUE ANULAM A VONTADE DOS DOENTES. AO NÍVEL MILITAR E DA ESPIONAGEM FAZEM-SE AS EXPERIÊNCIAS DAS LAVAGENS AO CÉREBRO. ALGO QUE COMEÇA A SER PRIMEIRO UTILIZADO NA PSIQUIATRIA. POR ISSO, SHUTTER ISLAND É TENSO, HIPNÓTICO, COMPLEXO E ÀS VEZES ATÉ CONFUSO. TEM VÁRIOS FLASHBACKS PELO MEIO PARA EXPLICAR ALGUNS DOS TRAUMAS E REVELAR AOS POUCOS O PASSADO DO PERSONAGEM PRINCIPAL. MAS SÃO 140 MINUTOS QUE NÃO SE DÁ PELO TEMPO PASSAR! DO PONTO DE VISTA ESTÉTICO, SCORSESE É O PRIMEIRO A ASSUMIR QUE ABSORVEU AS INFLUÊNCIAS DOS FILMES DE SÉRIE B, NEGROS, GÓTICOS E DE MISTÉRIO DOS ANOS 40 E 50 E DE REALIZADORES COMO JACQUES TOURNEUR (A PANTERA), ROGER CORMAN OU MESMO OS FILMES CONSPIRATIVOS DE ALFRED HITCHCOCK. OS GRANDES RESPONSÁVEIS POR ESTAS INFLUÊNCIAS AO NÍVEL DOS AMBIENTES SÃO O DIRECTOR DE FOTOGRAFIA, ROBERT RICHARDSON QUE COSTUMA TRABALHAR COM SCORSESE E O CONHECIDO DIRECTOR ARTÍSTICO DANTE FERRETI. POR ÚLTIMO LEONARDO DI CAPRIO SEM SER AQUELE ACTOR INTUITIVO DA VELHA ESCOLA DA ACTOR STUDIO É TECNICAMENTE PERFEITO COM UMA INTERPRETAÇÃO NOTÁVEL QUE OSCILA AO SABOR DA PERSONAGEM, ISTO É ENTRE O POLÍCIA COM CARA DE MIÚDO E A DE UM HOMEM TORTURADO E PERTURBADO. BEN KINSGLEY É FABULOSO NO DÚBIO DIRECTOR DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO.

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